17 de setembro de 2014

Uma semana.

Se você passar lá no orquidário do meu pai, vai ver que os botões já estão se abrindo e colorindo o ambiente com várias tonalidades de rosa. Tem outras cores também sabe, mas essa bem prevaleceu. A que eu gentilmente ganhei de um amigo, um ano atrás, voltou a florescer. Sempre bom saber que certas coisas voltam. Que não precisamos confiar só na memória, essa que seleciona o que bem entende, que julga e deixa escapar.
O importante é que nova estação vem chegando, uma semana. Não digo que é minha predileta, tenho certo fanatismo por inverno (dos de verdade, por favor). Mas essa, sem dúvida, é uma das mais bonitas. Árvore florida no meio da avenida dá certa graça a um concreto tão rudemente chato. Confesso que nunca entendo os ipês, sempre criativos em se colorear em diferentes tempos a cada ano. O bom é que por aqui têm vários, especialmente dos amarelos. Tudo bem que não sou eu que limpo, mas adoro ver o chão coberto por seus pedaços delicados.
Não sei ao certo se é essa delicadeza que vem a tona ou essa cor formidável, mas a primavera definitivamente nos faz mais leves. Eu, particularmente, me sinto mais motivada. Sair por aí com vestidos estampados dá um toque mais feminino no mundo. O fato, contudo, é que entre setembro e outubro, a vida fica cheirosa, todavia complicada. Já passou o meio do ano, nossa, como foi rápido (ou nem tanto); mas ainda não estamos tão perto do Natal. É esse período de fim antes do fim, em que normalmente surgem decisões que precisam ser tomadas antes que venham as consequências para o próximo ano. Talvez seja só comigo, vai saber. Mas parece ser aquela época em que se precisa decidir grande. E não estou me referindo ao que fazer nas férias, quem dera. É mais para o que fazer da vida antes que venha a turbulência de novembro-dezembro e a cobrança de janeiro-fevereiro.
Pra quem tá se formando, seja lá de qual fase da caminhada, vem aquela sensação de: eu necessito tomar providências. Por um lado, é bom assumir decisões. Poder mudar um pouco, chance de pensar diferente, seguir em frente. De querer e poder arriscar (somos todos jovens afinal, não?). Mas por outro, caramba. Sei não se sou capaz, ou pior, se alguém vai me achar tão capaz quanto eu acho - o suficiente para arriscar-se comigo e me escolher (vemnimim bom emprego!).
Optar por A ou B quer dizer obter resultados C ou D. Pode ser que a semente se desenvolva e se torne uma obra-prima, ou que demore anos para crescer ou simplesmente não vigar. Ás vezes depende daquele A ou B de setembro, ás vezes foi o A ou B de outrem, ou o nem A nem B de um terceiro. Vai saber. A questão é que, eu nem sei, de nada com nada. Isso tem lá sua face positiva. De ter que confiar que a primavera será florida e o verão cheio de sorvete. Fé. Tenho fé. Que eu ainda vou te ver balançando ingenuamente na cadeira de balanço. Que a lua vai me fazer sorrir e não chorar. Que o mundo vai conspirar para me ver feliz, sem tanta promessa que não vai cumprir.
Que a gente saiba escolher pelas causas justas. Que a cada botão, um presente, uma surpresa, uma maneira de dizer que vai ficar tudo bem. Estou contando com você, hein Primavera. Vem ser aquela tia perua solteira cheia de humor e tempo sobrando que me leva para passear, pode ser? Prometo não pisar nas flores, prometo pedir desculpa. Prometo escolher conforme a maluquice do coração. Beleza. Sabedoria. Coragem. Vem?

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