24 de agosto de 2014

Vaguear




Dias atentos ao vento solar, miséria na alma, amargura relutante a vaguear. O inesperado se furtou ou o caminhante hesitou? O amor que não fecundou. Abundância de egos, rivalidades insanas, melodias dissimuladas... De criança o desespero, dissolvido em histórias que ninguém vai lembrar. O pesar do não vivido, do beijo escondido, do suspiro eterno a sufocar. De longe a lembrança da quimera secreta, triturada sob os raios da janela entreaberta. Desejo ausente, como um perecer em cada fragmento de tempo cindido. O destino presente, arriscado e perdido - sem recompensa - nas esquinas corroídas. Restam a aridez do navegar e a sobriedade demente, aos que resistem a essa realidade dura, a essa sensibilidade seca, a essa mobilidade vazia. 

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