O Sol reflete no vidro do
carro. Da esquerda para a direita, antes da curva. Divide-se em várias
tonalidades, um prisma de calor. Abre a janela e vem o mormaço. Quatro estações
de duvidar, o arregaçar das mangas três quartos. Montes amarelados fundindo-se
em um borrão esquecido de terra seca e sobrenomes vendidos. Vai, mais rápido.
Quero descobrir os fios se entrelaçando e se despedindo da brisa passageira. A
paisagem retangular inibe o ritmo do rádio, mas ao menos nos recebe com
aroma de biscoito. Isso me leva para o chá das cinco, o silêncio da mesa de
madeira e dos farelos na toalha. Pena que os minutos desistiram de nós, quem
sabe outro dia. A estrada é reta, a nuvem assimétrica. Consegue achar a do castelo
atrás da laranjeira? Pena, já se foi. Não se esquece de ficar na direita, tá?
Daqui a pouco ele já chega e é melhor não arriscar. Que horas são? Adiantei
meus ponteiros para o despertador ser menos rígido. Nem adiantou. Aliás, não
deu para lavar a xícara e o prato de bolo, arrumo assim que chegar. Ah, pois lá
o vejo! Depois da placa, entre o céu e o mar. Alaranjado extrovertido, rima de
belo com cativo, cria sensação de bem estar. Tão ligeiro, por que não fica?
Troca de turno, deixe a noite tentar. Até amanhã, entre o pôr e seu afastar.
Por: ❂
Colonia del Sacramento, maio no Uruguai. |
Adorei a descrição! Continue escrevendo (:
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