25 de agosto de 2014

Fim do chá

O Sol reflete no vidro do carro. Da esquerda para a direita, antes da curva. Divide-se em várias tonalidades, um prisma de calor. Abre a janela e vem o mormaço. Quatro estações de duvidar, o arregaçar das mangas três quartos. Montes amarelados fundindo-se em um borrão esquecido de terra seca e sobrenomes vendidos. Vai, mais rápido. Quero descobrir os fios se entrelaçando e se despedindo da brisa passageira. A paisagem retangular inibe o ritmo do rádio, mas ao menos nos recebe com aroma de biscoito. Isso me leva para o chá das cinco, o silêncio da mesa de madeira e dos farelos na toalha. Pena que os minutos desistiram de nós, quem sabe outro dia. A estrada é reta, a nuvem assimétrica. Consegue achar a do castelo atrás da laranjeira? Pena, já se foi. Não se esquece de ficar na direita, tá? Daqui a pouco ele já chega e é melhor não arriscar. Que horas são? Adiantei meus ponteiros para o despertador ser menos rígido. Nem adiantou. Aliás, não deu para lavar a xícara e o prato de bolo, arrumo assim que chegar. Ah, pois lá o vejo! Depois da placa, entre o céu e o mar. Alaranjado extrovertido, rima de belo com cativo, cria sensação de bem estar. Tão ligeiro, por que não fica? Troca de turno, deixe a noite tentar. Até amanhã, entre o pôr e seu afastar.
Colonia del Sacramento, maio no Uruguai. 
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